Sinopse
A que pequenas coisas me refiro? Situações vulgares do dia-a-dia que atingem a condição humana sem distinção de idade, sexo, proveniência regional, grupo étnico ou sócio-económico. Alguns exemplos são os actos de espreguiçar, tossir, sentir cócegas ou comichão, rir, chorar, sonhar, ter medo ou bocejar. Surgem por mecanismos cuja génese se atribui ao cérebro, mas em que intervêm outros componentes do organismo e, acima de tudo, a estreita relação que o sistema nervoso mantém com o ambiente físico e social. Muitas das reacções humanas são bastante estereotipadas e repetem-se em circunstâncias semelhantes. Constituem afinal respostas a certos estímulos, partilhadas por toda a espécie, como se de meros lugares comuns do comportamento se tratasse.
E o que terá a neurociência, matéria tão séria e complexa, a ver com tais pequenas coisas? É curioso que nem as origens, nem os mecanismos neurofisiológicos que as determinam têm constituído tema de grande divulgação. Esse facto justificou o meu interesse pela pesquisa das motivações e mecanismos processuais de tais estereótipos comportamentais.
Este livro convida o leitor a uma breve visita ilustrada a um edifício aparentemente austero, complexo e tão pouco acessível que parece reservar-se apenas a algumas mentes privilegiadas.